quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Porquinhos

Porquinho-da-Índia

Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele prá sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...

- O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.
                                                        Manuel Bandeira










Quando tinha seis anos ganhei um porquinho da índia.
Meu porquinho era meio estranho
Quando eu ia dormir ele ficava me espreitando,
Como se só esperasse que eu adormecesse para me fazer algum mal.

Mas eu o amava, fazia de tudo por ele.
Pagava t.v a cabo, academia e cabeleireiro.
Passava roupa e topava programa chato
E o desgraçado nem ligava pra mim.

Eu não conseguia entender por que ele fazia isso,
Seria ele esquizofrênico? Hipocondríaco? Ou outro desses nomes estranhos?
E eu sofria! Como sofria quando aqueles olhinhos de roedor não me olhavam.
O tempo passou e ele nada de reconhecer minhas ternurinhas.

Resolvi então o deixar sem comida ou água,
Sem Novela e sem jornal limpo, nada mais de Friends.
Nada adiantou, ele continuava a me esnobar,
Aquela maldita bola de pêlo do inferno.

Um belo dia acordei e lá estava ele, dormindo tranqüilo em sua gaiola,
Seu sono tinha um ar angelical e sossegado, acho que até sonhava.
Lembrei dos poucos momentos felizes que tivemos juntos,
Então agarrei a infernal criatura e lhe quebrei o pescoço.

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